Mais de 170 mil vítimas do INSS contestam justificativas de associações que retiraram dinheiro em fraude bilionária

Data: 2/07/2025
Por: Bernardo

Aposentados e pensionistas denunciam descontos indevidos e exigem ressarcimento, enquanto investigações apontam para esquemas complexos de lavagem de dinheiro e uso de “laranjas”

Amigo segurado, você já parou para olhar seu extrato de benefício do INSS com atenção? Muitas vezes, pequenos descontos que parecem insignificantes podem se somar a grandes valores e, o pior, serem resultado de fraudes e golpes! Recentemente, mais de 170 mil aposentados e pensionistas do INSS se viram em uma situação delicada: foram vítimas de descontos indevidos de associações e entidades, e agora estão contestando veementemente as justificativas apresentadas por essas organizações. É um cenário preocupante que acende um alerta para a importância de monitorar de perto suas finanças e conhecer seus direitos.

A situação é grave e envolve um esquema que, segundo investigações, pode ter desviado bilhões de reais de pessoas que dedicaram suas vidas ao trabalho e contam com o benefício para sua subsistência. Vamos entender o que está acontecendo e, mais importante, como você pode se proteger e buscar seus direitos.

Confira o vídeo completo no YouTube:

https://www.youtube.com/@InssPassoaPassoOficial

O alerta vermelho: descontos inesperados no extrato

A história é comum: o aposentado ou pensionista confere seu extrato de pagamento e se depara com um desconto de “mensalidade associativa” ou de alguma entidade que nunca ouviu falar. Muitos, por desconhecimento ou por considerarem o valor baixo, acabam deixando passar. No entanto, esses pequenos valores, quando multiplicados por milhares de beneficiários, se transformam em cifras astronômicas.

As investigações em andamento, inclusive com o compartilhamento de inquéritos com a Polícia Federal, revelam que associações como a ANBEC (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos) e a KAP (Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas) estão sob os holofotes. Suspeitas apontam que essas entidades faturavam milhões por ano com esses descontos, e que muitos dos seus presidentes seriam, na verdade, “laranjas”, ou seja, pessoas usadas por golpistas para encobrir as verdadeiras cabeças por trás dos esquemas.

Um dos pontos mais chocantes das investigações é a descoberta de que as assinaturas em muitas das fichas de filiação dos aposentados eram falsificadas. Essas fichas eram apresentadas ao INSS como prova de autorização para os descontos nos benefícios. Além disso, há relatos de que entidades utilizavam áudios e dados falsos para atestar suposta contratação dos serviços. É uma verdadeira teia de mentiras que lesa os segurados.

A empresa por trás do esquema: Benfix e lavagem de dinheiro

O dinheiro desviado dos aposentados e pensionistas do INSS não evaporava. Ele era canalizado para contas de empresas que faziam a gestão administrativa e financeira dessas associações. Uma dessas empresas é a Benfix, que, segundo as investigações, movimentava valores incompatíveis com seu faturamento mensal. Somente entre janeiro de 2020 e abril de 2024, a Benfix teria recebido mais de R$ 500 milhões.

Dados do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicaram que parte desse dinheiro, cerca de R$ 150 milhões, foi parar em contas pessoais de um dos sócios da empresa, Maurício Camisote, levantando fortes indícios de que ele seria o beneficiário final das fraudes. A trama envolve até mesmo a utilização de funerárias para lavagem de dinheiro, mostrando a complexidade e a audácia desses criminosos.

A resposta do INSS e as contestações das vítimas

Diante da avalanche de denúncias, o INSS começou a responder aos aposentados e pensionistas que afirmaram não ter consentido com os descontos. As associações, por sua vez, têm apresentado supostos acordos e documentos ao INSS para justificar as cobranças. No entanto, essas respostas têm gerado ainda mais questionamentos, uma vez que as vítimas continuam a apontar erros nos dados e a afirmar que as gravações de suposta autorização são fabricadas.

O INSS está buscando uma solução célere e prática para o ressarcimento das vítimas. Inclusive, o Instituto se comprometeu a reembolsar as vítimas de fraude em parcela única até o fim do ano, exceto aqueles que já foram ressarcidos por decisão judicial. A ideia é que o segurado possa contestar o desconto pelo próprio aplicativo Meu INSS ou pela Central 135, sem a necessidade de intermediários.

Seus direitos e como agir

Se você foi ou desconfia ser vítima desses descontos indevidos, é fundamental agir rapidamente. Conhecer seus direitos e os canais para contestar e denunciar é o primeiro passo para reverter essa situação.

Como identificar descontos indevidos:

  1. Acesse o Meu INSS: Pelo aplicativo ou site, faça login com seu CPF e senha do Gov.br.
  2. Consulte o extrato de pagamento de benefício: Procure por “Extrato de pagamento” no menu.
  3. Verifique os descontos: Analise cada item do extrato. Descontos de “mensalidade associativa”, “contribuição sindical” ou nomes de associações desconhecidas devem acender um sinal de alerta.

Como contestar e pedir o ressarcimento:

  1. Pelo Meu INSS:
    • No aplicativo, procure a opção “Excluir mensalidade de associação ou sindicato no benefício” ou “Ressarcimento/Associações”.
    • Siga as instruções para indicar que você não reconhece o desconto.
    • O INSS notificará a associação para que apresente a documentação comprobatória em até 15 dias úteis.
    • Se a associação não comprovar a autorização, o INSS providenciará o ressarcimento diretamente na sua conta.
  2. Pela Central 135:
    • Ligue para o número 135 (disponível de segunda a sábado, das 7h às 22h).
    • Informe seu CPF e siga as orientações do atendente para contestar o desconto.
  3. E-mail e canais de reclamação:

Importante: Não é necessário anexar documentos neste momento ao contestar pelo Meu INSS ou 135. O INSS fará a comunicação com a associação.

Como se proteger de novos golpes:

  • Nunca compartilhe seus dados pessoais: O INSS e seus servidores não solicitam CPF, senhas, dados bancários, nome da mãe ou fotos de documentos por telefone, mensagem de texto ou WhatsApp.
  • Use apenas canais oficiais: Acesse o INSS apenas pelo Portal gov.br/meuinss, aplicativo “Meu INSS” oficial ou pelo telefone 135.
  • Desconfie de links suspeitos: Evite clicar em links enviados por mensagem ou redes sociais, pois podem ser armadilhas para roubar seus dados.
  • Cadastre uma senha segura no Gov.br: Use senhas fortes, com letras, números e símbolos, e ative a verificação em duas etapas para proteger seu acesso.
  • Acompanhe seu extrato mensalmente: Crie o hábito de verificar seu extrato de pagamento e contratos de empréstimos consignados para identificar qualquer movimentação estranha.
  • Não realize pagamentos via Pix para desconhecidos: Desconfie de qualquer pedido de pagamento adiantado para “liberar” benefícios ou agilizar processos. O INSS não cobra taxas para isso.
  • Denuncie: Se receber qualquer contato suspeito, denuncie imediatamente.

O papel da justiça e a recuperação dos valores

Além da via administrativa, a Justiça também tem atuado nesses casos. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) oferecem bases legais para que as vítimas busquem a reparação integral dos danos sofridos, incluindo a devolução dos valores descontados indevidamente (em dobro, em alguns casos) e até mesmo indenização por danos morais.

A Advocacia-Geral da União (AGU) já pediu o bloqueio de bilhões de reais de entidades investigadas no esquema, sinalizando um esforço para ressarcir as vítimas. O Ministro da AGU defende que a via administrativa, por meio de acordos, pode ser mais rápida e segura para o recebimento dos valores do que a via judicial, que pode demorar décadas.

INSS associação
Associação INSS/Reprodução

Fique atento e não caia em armadilhas

A fraude no INSS é um crime que atinge diretamente a dignidade e a segurança financeira de milhares de brasileiros. A atenção e a proatividade do segurado são as melhores armas contra esses golpistas. Monitore seus extratos, utilize apenas os canais oficiais do INSS e, em caso de dúvida, não hesite em buscar informações e denunciar.

Lembre-se: você não está sozinho nessa. O INSS e as autoridades estão trabalhando para coibir essas práticas e garantir que os direitos dos beneficiários sejam respeitados. Compartilhe essas informações com seus amigos e familiares, especialmente aqueles que são aposentados e pensionistas, para que mais pessoas possam se proteger!

Você já verificou seu extrato de benefício recentemente? Identificou algo suspeito?

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