Entenda o que é e como consultar no SVR do Banco Central, dinheiro que está esquecido nos bancos
Você pode estar se perguntando: que dinheiro é esse que está “esquecido”? Bem, esses valores são, na verdade, créditos que você ou sua empresa tinham em alguma instituição financeira (bancos, cooperativas, consórcios, etc.) e que, por algum motivo, não foram resgatados.
As situações mais comuns que geram esses valores “esquecidos” incluem:
Contas encerradas com saldo residual: Sabe aquela conta antiga que você fechou, mas sobrou uns trocados? Pois é.
Tarifas ou parcelas cobradas indevidamente: Acontece de vez em quando, e o valor fica lá, esperando ser devolvido.
Recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados: Se você participou de um consórcio e não sacou o valor na hora certa, ele pode estar te esperando.
Cotas de capital e sobras líquidas de cooperativas de crédito: Participantes de cooperativas podem ter valores a receber.
Outros casos que permitem a devolução de valores: Há diversas outras situações menos comuns que geram esses créditos.
Para facilitar o acesso a essas informações, o Banco Central criou o Sistema Valores a Receber (SVR). Ele é o único local oficial para você consultar e solicitar o resgate do seu dinheiro. É crucial ficar atento para não cair em golpes, pois o Banco Central NÃO entra em contato por telefone, e-mail ou SMS para tratar desse assunto!
A consulta é bem direta e pode ser feita por qualquer pessoa, seja física ou jurídica, e até mesmo para valores de pessoas falecidas.
Para pessoas físicas:
Acesse o site oficial: O único site para consulta é o valoresareceber.bcb.gov.br/publico. Anote e salve este endereço para não cair em sites falsos.
Informe seus dados: Na tela inicial, você precisará digitar seu CPF e sua data de nascimento.
Verifique a informação: O sistema vai te informar se você tem valores a receber e, caso tenha, de qual instituição financeira eles são.
Para pessoas jurídicas:
Acesse o mesmo site: O endereço é o mesmo.
Informe os dados da empresa: Você vai precisar do CNPJ e da data de abertura da empresa. Isso vale inclusive para empresas que já foram encerradas.
Confira o resultado: O sistema mostrará se há valores para o CNPJ consultado.
Para valores de pessoas falecidas:
Sim, é possível consultar e solicitar o resgate de valores de pessoas que já faleceram!
Acesse o SVR.
Informe os dados do falecido: Utilize o CPF e a data de nascimento da pessoa falecida.
Siga as orientações: O sistema indicará se há valores e como proceder para o resgate, que geralmente envolve a apresentação de documentos que comprovem a sua condição de herdeiro ou representante legal.
Resgatando o seu dinheiro: da consulta ao saque
Consultou e descobriu que tem um dinheirinho esperando? Que ótimo! Agora, o próximo passo é solicitar o resgate.
Requisitos para o resgate:
Para solicitar o resgate dos valores (seja para você, sua empresa ou pessoa falecida), você vai precisar de uma conta Gov.br com nível de segurança prata ou ouro e a verificação em duas etapas habilitada.
Nível prata ou ouro: Se sua conta Gov.br ainda não é prata ou ouro, você pode elevá-la seguindo as orientações no próprio site do Gov.br. Geralmente, isso envolve reconhecimento facial pelo aplicativo do Gov.br ou validação por bancos conveniados.
Verificação em duas etapas: É uma camada extra de segurança para proteger sua conta. Habilite-a nas configurações da sua conta Gov.br.
Como solicitar o resgate:
Acesse a área logada do SVR: Depois de consultar e ver que tem valores, o sistema te direcionará para a área de login. Entre com sua conta Gov.br (nível prata ou ouro).
Leia e aceite o termo de responsabilidade: É um procedimento padrão.
Verifique os detalhes do valor: O sistema mostrará o valor disponível e a instituição financeira responsável por ele.
Escolha a forma de resgate: Existem duas opções principais:
“Solicitar por aqui” (via Pix): Essa é a forma mais rápida e prática! Muitas instituições já oferecem a devolução via Pix. Se a instituição que te deve o dinheiro oferecer essa opção, você pode solicitar o Pix diretamente pelo SVR e o valor deve cair na sua conta em até 12 dias úteis. Para isso, você precisa ter uma chave Pix do tipo CPF cadastrada.
“Solicitar via instituição”: Se a instituição não oferece a devolução via Pix pelo SVR (ou se o valor é de uma conta conjunta, por exemplo), o sistema vai te dar o contato (telefone ou e-mail) da instituição financeira. Você precisará entrar em contato diretamente com eles para combinar a forma de devolução do dinheiro.
Atenção à solicitação automática de resgate:
O Banco Central tem aprimorado o SVR para facilitar ainda mais a vida dos cidadãos. Desde maio de 2025, foi liberada a solicitação automática de resgate de valores. Isso significa que, se você habilitar essa função (que é facultativa), o sistema pode resgatar os valores para você sem que precise entrar manualmente a cada vez. No entanto, é importante lembrar que:
Essa funcionalidade é para instituições financeiras que aderiram à devolução via Pix.
Valores de contas conjuntas ou de instituições que não aderiram a essa facilidade ainda exigirão solicitação manual.
Fique atento aos golpes!
Como qualquer sistema que envolve dinheiro, o Valores a Receber atrai golpistas. Para sua segurança, é fundamental seguir estas dicas do Banco Central:
Todos os serviços do SVR são gratuitos. Nunca pague para ter acesso ao seu dinheiro ou para fazer a consulta.
O Banco Central NUNCA entra em contato com você por telefone, e-mail, SMS ou WhatsApp para tratar de valores a receber ou para confirmar seus dados.
Somente a instituição financeira que aparece no SVR pode te contatar para combinar a devolução, e ela NUNCA pedirá sua senha.
NÃO clique em links suspeitos enviados por e-mail, SMS, WhatsApp ou Telegram sobre o assunto.
Se tiver qualquer dúvida, procure os canais oficiais de comunicação do Banco Central, como o Fale Conosco (telefone 145, de segunda a sexta, das 8h às 20h) ou o próprio site do BC
Dinheiro esquecido BC/Reprodução
Onde estão os valores: uma distribuição dos R$ 10,1 bilhões
Embora haja bilhões a serem resgatados, é importante saber que a maioria dos valores “esquecidos” são pequenas quantias. Dados anteriores mostram que:
A maioria dos casos (mais de 60%) são de valores até R$ 10.
Uma parcela significativa (entre 20% e 25%) está na faixa de R$ 10,01 a R$ 100.
Valores acima de R$ 1000 são mais raros, representando uma pequena porcentagem do total de beneficiários.
A maior parte desse montante (cerca de R$ 5,1 bilhões) está em bancos, seguida por administradoras de consórcio (aproximadamente R$ 2,2 bilhões) e cooperativas de crédito (cerca de R$ 779 milhões).
A importância de manter suas informações atualizadas
Para evitar que seu dinheiro fique esquecido no futuro, é sempre bom manter seus dados cadastrais atualizados junto às instituições financeiras. Se mudar de endereço, telefone ou e-mail, avise seu banco! Além disso, sempre que encerrar uma conta ou finalizar um consórcio, certifique-se de que não restou nenhum valor pendente.
Consultar o SVR de tempos em tempos pode ser uma boa prática para se certificar de que não há nenhum “presente” financeiro te esperando. Afinal, quem não gosta de uma grana extra, não é?
E aí, você já consultou o seu? Não deixe essa oportunidade passar! O dinheiro é seu e está esperando por você. Se tiver alguma dúvida ou dificuldade durante o processo, o Banco Central e a própria instituição financeira responsável pelo valor podem te ajudar.
Por: Bernardo